Eis mais uma grande contradição da vida moderna: o fim de ano, período de celebrações e que, em tese, serviria para desacelerarmos e prepararmos o caminho para o Novo Ano, é a época de maior carga de ansiedade e estresse entre a nossa população. Esse fenômeno – que, por sinal, também observo nos atendimentos que realizo em consultório neste período – já tem sido inclusive alvo de alguns estudos.
Um levantamento realizado pela unidade brasileira do Internacional Stress Management Association (Isma-Brasil), por exemplo, mostra que o nível de estresse entre a população sobe, em média, 75% em dezembro. Há também um interessante estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no qual quase metade dos pacientes internados em UTI por doenças de fígado, coração, pulmão e estômago, apontou o Natal como o evento mais estressante ocorrido ano anterior ao surgimento do seu problema de saúde.
Curioso isso, não?!
Há muitas especulações a respeito das razões para os abalos emocionais experimentados com o fim de ano. Dentre elas, temos: sensação de tempo que “escorre” entre os dedos, frustração por não ter conseguido fechar as metas pessoais traçadas para o período, além das pressões para cumprir metas e entregar resultados no trabalho.
Somam-se a isso os gastos fora do orçamento e, muitas vezes, uma agenda de atividades sociais que se impõe, independentemente da vontade, da disposição e/ou das condições da pessoa para confraternizar.
E há ainda o reverso da moeda: as pessoas que gostariam de ter com quem comemorar, mas sentem com força o baque de uma vida solitária nesta altura do ano. A solidão hoje já é vista como uma questão de Saúde Pública (conforme podemos conferir aqui neste artigo do Blog da Vita).
Há algo mais
Mas, vamos lá: é mais do que natural que um período tão cheio de eventos e atividades fora da rotina, de fato nos traga um certo grau de estresse. Porque, na verdade, tudo que foge ao habitual faz com que o nosso cérebro dispare inconscientemente sinais de alerta para todo o organismo, deixando-nos “estressados”.
O que é preocupante, contudo, é lidarmos com isso de forma negativa, encarando o encerramento de um ciclo com profunda melancolia e/ou vivenciando a perspectiva de iniciar uma nova fase com grande tensão e medo, a ponto de surgirem até doenças físicas e mentais.
O que está acontecendo conosco? Tudo isso faz crer que há algo mais, para além dos gatilhos disparados nesta época especial.
Preocupação da OMS
Diz uma das brincadeiras mais compartilhadas na Internet nestas últimas semanas que, “quem não deu uma boa surtada em 2019, é porque não viveu este ano direito”. Realmente, em termos de conjuntura geral no país e no mundo, os tempos que correm não têm sido fáceis para ninguém!
Não é por acaso que a Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que, em 2020, a depressão será a doença mais incapacitante em todo o mundo.
Isso já é uma realidade e não devemos nos esquecer de que, normalmente, a ansiedade (os pensamento acelerado, a dificuldade para relaxar, as preocupações que tiram o sono e os sintomas físicos de uma vida constantemente sob tensão) é o primeiro estágio de um processo depressivo – que pode ser devastador, se não tiver o acompanhamento adequado.
Perspectivas e tratamentos
Acontece que, se temos mais diagnósticos, é também porque hoje temos melhores meios para identificar e tratar quadros que sempre fizeram parte da realidade das pessoas, mas que antes eram minimizados e/ou estigmatizados. Talvez, o que mais precisemos mudar é a nossa reação diante deles.
Atualmente existe uma luta assertiva e muito positiva pelo reconhecimento dos cuidados de saúde mental. Considero isso um movimento muito importante!
Na Clínica Vita, desde 2018 investimos na Neuromodulação para o tratamento da depressão, além dos suportes nas áreas de Psicoterapia e Psiquiatria, que sempre tivemos. Buscar um tratamento de ponta para aliar aos nossos serviços tradicionais foi algo que veio ao encontro da nossa missão de “oferecer serviços de Medicina com alta qualidade e eficiência”, porque saúde é um conceito integral, no qual os cuidados com a mente e com o emocional são tão importantes quanto os cuidados com o corpo!
Em 2020, falaremos muito sobre isso! Até lá, por favor, cuidem-se muito bem neste finalzinho de 2019!